Made in Brazil: Em 1990, a Giannini obteve licença para produzir instrumentos da Fender no Brasil.
Entre 1992 e 1995, a Fender tinha um contrato com a empresa brasileira de guitarras Giannini, que incluía a fabricação e exportação de violões acústicos para os EUA. Em troca, a Fender licenciava e supervisionava a produção dos modelos stratocasters aqui, autorizados somente para a comercialização interna no país, sem direito a importação desses modelos, tudo sob a supervisão de técnicos americanos. A produção teve que cessar em 1995, porque o custo ficou muito alto, infelizmente.
Neste artigo, a Rockstage Brasil detalha a história para você! Boa leitura!
Conheça a história da Fender Southern Cross Strat: A Fender brasileira
Em 1990, Carlos Assale deixava Dolphin Guitars, empresa que fundou. No mesmo ano, foi convidado por Giorgio Giannini para ser diretor técnico da marca de sua empresa e assumir a missão “Fender Brasil”, batizada de Fender Southern Cross, a Fender “Cruzeiro do Sul”, em uma tradução livre.
O trabalho no projeto Southern Cross começou em 1991. Os primeiros protótipos para aprovação americana, saíram da atual fábrica na cidade de Salto (SP). Assale e Roberto Giannini visitaram algumas vezes as fábricas de Corona e Ensanada da Fender, nos EUA. Também apresentavam pequenos cursos e discussões contratuais com a marca americana.
Foi somente em 92 que a Giannini conseguiu alcançar o padrão de qualidade estimado pela Fender.
Muitas amostras foram enviadas para a Fender USA para aprovação. A origem da madeira usada era muito boa, pois passava por um rigoroso sistema de seleção, mas enquanto os braços das guitarras foram imediatamente aprovados, os corpos exigiram alguns anos e muitas amostras forma necessárias, inúmeras mudanças de ferramentas.
Carlos Assale, relembra em uma entrevista para a Universidade de Santo Amaro:
“No final, recebemos um fax de Dan Smith, diretor de marketing da Fender, dizendo que o nosso produto havia melhorado 4000% e que a confiança era tanta que esta seria a primeira vez que eles permitiriam que um produto produzido fora de suas fábricas e sem seu envolvimento comercial ostentasse o nome Fender no headstock.”
Assim, recebem a tão sonhada autorização para a fabricação das Fender em território brasileiro. Em 1993 apareceram as primeiras Fender Southern Cross nas lojas.
A Southern Cross Stratocaster, conhecida como GG2000 no catálogo da marca brasileira, apresentava corpo de cedro e braço de madeira marfim, disponível nas cores Vermelho Metálico, Azul Sunburst (Moonburst) e Preto. O cedro fornecia o timbre rico, mas tornava a guitarra mais pesada. A escala era de 9,5” era de madeira marfim ou pau-ferro e apresentava 21 trastes médio jumbo. No headstock, destacava-se um logotipo prateado da Fender Modern, junto com o decalque “MADE IN BRAZIL”. As primeiras unidades apresentavam um logotipo “Squier Series” na bola do headstock, que logo foi substituído pelo logotipo da Southern Cross com as cinco estrelas ‘Cruzeiro do Sul’ acima da letra “n”. A Guitarra era equipada com captadores de cerâmica que vinham da fábrica coreana Cor-Tek e apresentavam eletrônicos baratos. A ponte de seis parafusos, tinha saddles fundidos e um bloco de inércia fino.
Uma vez por mês um funcionário da Fender ia ao Brasil para inspecionar a guitarras, com especial atenção ao peso de cada instrumento, já que o cedro é uma madeira pesada. O instrumento só chegava ao mercado após aprovado por este profissional. A produção da série foi cancelada, devido a problemas com os altos valores dos royalties e questões da economia do Brasil.

Segundo Giannini, uma média de 6 mil unidades eram produzidas por ano sob a licença Fender, enquanto Carlos Assale afirma que foram fabricados 5000 guitarras Southern Cross Strats, baixos e violões entre os anos de 1993 e 1995.

Infelizmente os custos de produção impediram que o projeto continuasse, deixando outros mercados como Coreia e México mais atrativos para a Fender do ponto de vista financeiro. O “custo Brasil” (impostos e taxas), era muito alto, fora os royalties pagos pelo uso da marca Fender.
Após o cancelamento do acordo com a Fender, Giannini relançou sua Stratosonic, que contava com o mesmo tipo de madeira.


Curiosidades sobre a Fender fabricada no Brasil
- Existem 30 delas com escudo, chave e captadores americanos, devido a um atraso do fornecedor coreano com pedidos da Giannini na montagem das Southern Cross;
- Com o passar do tempo, a empresa brasileira foi deixando cair a qualidade das série, portanto as Squier Series eram de qualidade superior às S.C., principalmente em relação às últimas de 95;
- O preço inicial da Fender Made in Brazil era de R$ 350,00, época em que o Real estava pareado com o dólar;
- Após o cancelamento do selo Fender, a Giannini relançou a Stratosonic, que tinha mesmas madeiras, mas diferenças de construção, medidas e acabamento, em relação à sua parente S.C.