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Nirvana: a curiosa história de “Smells Like Teen Spirit” e sucesso enorme que Kurt Cobain não esperava

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Imagina você fazer sucesso por conta de um desodorante que você nem sabia da existência: é exatamente isso que aconteceu com Kurt Cobain e com o Nirvana ao lançar Smells Like Teen Spirit, música que faz parte do álbum Nevermind (1991), o disco mais importante dos anos 90.

 

O canal do Júlio Ettore no Youtube fez um vídeo falando sobre toda essa história. Quer saber mais? Basta clicar abaixo!

 

 

Até o lançamento desse single e desse disco, a banda apenas era conhecida na cena underground de Seattle, tendo suas músicas tocadas em rádios universitárias da região. O Nirvana havia lançado Bleach (1989), um álbum bem denso, agressivo e melancólico.

 

Porém, Kurt queria elevar o patamar do Nirvana e achava que a gravadora Sub Pop não estava divulgando o som da banda da forma que deveria. Sendo assim, ele foi atrás de uma gravadora maior e começou a enviar para algumas gravadoras partes do material que faria parte do próximo álbum, além de mostrar o trabalho que a banda já havia lançado. A gravadora Geffen Records se interessou pelo material e decidiu assinar com a banda.

 

O Nirvana sabia que essa era a chance de alcançar um sucesso maior do que havia conseguido no primeiro álbum. Sendo assim, Kurt Cobain apostou em arranjos mais alegres e com um estilo mais voltado para o Pop, mas tudo isso sem deixar de trazer o peso e a intensidade que sempre foram marcantes na carreira da banda.

 

Para esse álbum, Kurt Cobain queria criar um hit e apostava no bom arranjo de Smells Like Teen Spirit para isso. Antes de ter nome e até de ter uma letra definitiva, a banda apelidava a música de “o hit”, pois sabiam que poderia surgir algo muito bom daquela base instrumental e daquela melodia que o músico estava elaborando.

 

 

O líder do Nirvana teve um relacionamento de anos com Tracy Marander, com quem chegou a morar e quem foi muito importante para o músico sendo responsável por pagar a maior parte das contas enquanto ele conseguia alguns trabalhos temporários e focava cada vez mais em criar o material da banda. Depois de anos de relacionamento, Kurt se separou de Tracy e começou a ter um caso com Tobi Vail, baterista da banda de Punk Rock chamada Bikini Kill.

 

O músico se encantou com a baterista que, por sua vez, não aparentava gostar o mesmo tanto de Kurt. Eles ficaram juntos por apenas alguns meses, mas foi o suficiente para que o líder do Nirvana compusesse grande parte do material de Nevermind (1991).

 

No período em que Kurt estava com Tobi, quem dividia apartamento com ele era Dave Grohl, o baterista da banda. Em algumas noites, os dois músicos do Nirvana recebiam Tobi e Kathleen Hanna (vocalista do Bikini Kill) para beberem juntos e conversarem sobre vários assuntos. Em uma dessas noites, Kathleen pegou um spray e pichou na parede a frase “Kurt smells like teen spirit“. Sem saber da existência do desodorante, o músico achou que era um elogio à sua personalidade.

 

 

Quando estava terminando o material que faria parte do Nevermind (1991), Kurt se lembrou da frase que a vocalista do Bikini Kill havia pichado em sua parede e decidiu usar esse nome para terminar aquela música que ele e a banda apelidavam de “o hit”.

 

Apenas após o lançamento do álbum é que Kurt Cobain soube da existência do desodorante Teen Spirit. O que para ele era um elogio (ter cheiro de espírito jovem), na verdade era uma brincadeira: era como se a garota estivesse dizendo que o músico tinha cheiro de mulher.

 

As vendas do desodorante aumentaram muito com esse “marketing gratuito” e o Nirvana também saiu ganhando: a música se tornou um sucesso mundial e ajudou a impulsionar as vendas de Nevermind (1991), que conseguiu a proeza de tirar o álbum Dangerous (1991) do Michael Jackson do topo. Isso vindo de uma banda underground era um feito e tanto.

 

Com o tempo, Kurt começou a boicotar essa música. Apesar de gostar dela, queria que o público e a imprensa também explorassem outras faixas da banda, não querendo ser rotulado como “banda de um sucesso só”. Em muitos shows, mesmo sendo o maior sucesso do Nirvana, a banda não a tocava. Chegaram a boicotá-la até em programas televisivos e shows grandes, fazendo de tudo para que o público não se concentrasse apenas naquela faixa.

 

 

Alguns acham que era porque a música trouxe um sucesso maior do que ele projetava. É claro que ele queria viver de sua música e lutou muito por isso, porém, perder totalmente sua privacidade e não poder ser a “pessoa simples” que sempre fora tornou-se um fardo que ele não conseguiu carregar muito bem.

 

Após o sucesso enorme de seu segundo álbum e após o lançamento de uma coletânea de sobras inéditas chamada Incesticide (1992), a banda entrou em estúdio e gravou seu último trabalho, o In Utero (1993). A gravadora esperava outro Nevermind (1991) com músicas que falassem de questões adolescentes e com melodias fáceis de cantarolar; o que a banda entregou foi um álbum denso, com uma sonoridade bem intensa e que alternava muito bem entre calmaria e agressividade, chegando até a debochar da gravadora e do próprio álbum anterior ao já abrir a primeira faixa com a frase “A angústia adolescente rendeu bons frutos, agora estou entediado e velho“.

 

Os temas abordados nesse álbum eram mais sérios e a banda estava madura, fugindo daquela sonoridade mais alegre que fez com que a banda se tornasse uma das maiores do mundo nos anos 90. Kurt fez de tudo para evitar ter novamente a sensação que teve ao lançar Smells Like Teen Spirit.