Jerry Cantrell não tem mais nada a provar, mas isso não significa que ele precisa se calar. Embora não precise lançar discos solo, ele simplesmente não consegue parar. A música, e a eterna batalha entre luz e escuridão que permeia sua criação, continuam a alimentar suas guitarras movidas a grunge e sua voz emocionalmente intensa, ano após ano. Com uma pausa nas atividades do Alice In Chains, Jerry seguiu seu álbum solo de 2021, ‘Brighten’, com mais um trabalho, igualmente fascinante, porém ainda mais sombrio, composto por nove faixas.
Em ‘I Want Blood’, Cantrell oferece aos fãs mais material para absorver. Mesmo que já não seja o jovem perturbado de 1992, quando gravou o clássico ‘Dirt’ com o Alice In Chains, a escuridão continua a pairar sobre qualquer projeto artístico em que se envolve. Ela está presente em toda a instigante “Vilified”, uma faixa que traz a assinatura de Jerry em seus riffs e melodias cativantes, marcando o contraste tonal característico de sua música.
“Off The Rails” começa com dedilhados de guitarra envolventes, antes de evoluir com mudanças rítmicas habilmente elaboradas e um refrão marcante. Já “Afterglow”, uma das mais hipnóticas do álbum, destaca sua habilidade com harmonias intricadas, que se entrelaçam enquanto ele reflete sobre seu passado e a necessidade de continuar insistindo. “Muito abaixo da superfície, respire fundo / Fique sozinho em um círculo quadrado, preparando-se para tentar”, ele canta, carregado de emoção.
As guitarras melancólicas, que muitos sentiram falta em ‘Brighten’, retornam com força em “Let It Lie”, enquanto a faixa-título traz uma energia pulsante, reminiscente do som mais acelerado do Queens Of The Stone Age, mas sempre com a inconfundível marca de Jerry: guitarras intensas e harmonias grandiosas.
Diferente de ‘Brighten’, ‘I Want Blood’ é um álbum mais sombrio e denso, o que certamente vai agradar aos fãs de Alice In Chains. Mesmo assim, Cantrell sabe quando desacelerar. “Echoes Of Laughter” é uma balada de construção lenta, quase tangível como o som de incenso queimando, enquanto “It Comes”, a faixa de encerramento, está entre as melhores músicas que ele já escreveu, abordando de maneira sensível o fim de ciclos e vidas.
Cantrell continua sendo um artista inigualável, e somos sortudos por ainda termos sua música entre nós.